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Mudanças Climáticas e
Saúde: Os impactos do
aquecimento global na população
O aquecimento global não apenas altera os ecossistemas, mas também cria condições propícias para o surgimento e a propagação de doenças, além de agravar problemas de saúde já existentes.
Neste artigo, Marielly Herrera, enfermeira especializada em controle de infecções hospitalares da Oleak, aborda quais são as principais doenças que podem impactar a saúde humana em virtude das questões climáticas. Boa leitura!
Como reduzir a emissão de carbono?
Antes de abordarmos os impactos das mudanças climáticas na saúde, é importante destacar como cada indivíduo pode contribuir para a redução da emissão de carbono e mitigar esses efeitos negativos. Pequenas mudanças no dia a dia, como reduzir o consumo de carne vermelha e produtos ultraprocessados, ajudam a diminuir a poluição ambiental. Outras ações incluem optar por transportes sustentáveis, economizar energia e reduzir o desperdício de recursos naturais. A conscientização e a adoção dessas práticas são essenciais para enfrentar os desafios climáticos.
Quadro: Ações para Reduzir a Emissão de Carbono
Ação |
Benefício |
Reduzir o consumo de
carne vermelha |
Menor emissão de gases
de efeito estufa |
Preferir alimentos
locais e sazonais |
Redução do impacto
ambiental do transporte |
Optar por transporte
público, bicicleta ou caminhada |
Menos poluição do ar e
emissões de CO₂ |
Economizar energia
elétrica |
Menor demanda por
combustíveis fósseis |
Reduzir o consumo de
plástico e embalagens descartáveis |
Menos resíduos e menor
impacto ambiental |
Reaproveitar e reciclar
materiais |
Economia de recursos
naturais |
Apoiar políticas
sustentáveis e empresas responsáveis |
Estímulo à adoção de
práticas ecológicas |
Impactos diretos e indiretos na saúde
Na figura abaixo relacionamos os fatores de vulnerabilidade, problemas
relacionados ao clima, exposição e o resultado para a saúde e para o sistema de
saúde.
Figura: Uma visão geral dos riscos à saúde sensíveis ao clima, suas
vias de exposição e fatores de vulnerabilidade. As mudanças climáticas afetam a
saúde direta e indiretamente e são fortemente mediadas por determinantes
ambientais, sociais e de saúde pública.
Os efeitos das mudanças climáticas na saúde são multifacetados. Eles podem ser diretos, como os causados por eventos climáticos extremos, ou indiretos, resultantes da alteração na qualidade do ar, da água e dos alimentos.
A elevação da temperatura global pode levar a uma maior incidência de ondas de calor, associadas a doenças cardiovasculares e respiratórias, além de aumentar o risco de desidratação e insolação.
De acordo com o Relatório
Especial COP26 sobre Mudanças Climáticas e Saúde da agência de
saúde da ONU – Organização das Nações Unidas, ações transformadoras em setores
como energia, transporte, natureza, sistemas alimentares e financiamento são
necessárias para proteger a saúde das pessoas.
Segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor Geral da Organização Mundial da Saúde – OMS, “A pandemia da COVID-19 nos revelou as ligações íntimas e delicadas entre humanos, animais e nosso meio ambiente”. Ainda segundo o diretor “As mesmas escolhas insustentáveis que estão matando nosso planeta estão matando pessoas”.
Impactos em Números
– A mudança
climática influencia os determinantes sociais e ambientais da saúde, como ar
limpo, água potável, comida suficiente e moradia segura. |
Doenças relacionadas ao clima
Altas temperaturas aumentam os níveis de ozônio e outros poluentes do ar, agravando doenças cardiovasculares e respiratórias. O aumento dos níveis de pólen e outros alérgenos em condições de calor extremo pode exacerbar a asma que afeta cerca de 300 milhões de pessoas e as alergias.
O aumento das chuvas e enchentes também contribui para a disseminação de doenças de veiculação hídrica, como leptospirose e cólera. Inundações também podem contaminar fontes de água potável, levando a surtos de doenças infecciosas. A variabilidade das chuvas afeta o fornecimento de água doce, aumentando o risco de doenças diarreicas, que causam cerca de 760.000 mortes de crianças menores de cinco anos anualmente.
As mudanças climáticas também podem prolongar as estações de transmissão de doenças transmitidas por vetores e alterar sua distribuição geográfica. Secas e inundações, que estão se tornando mais frequentes e intensas, poluem fontes de água e criam condições propícias para doenças transmitidas por insetos, como malária, dengue, zika e chikungunya e febre amarela, além da Doença de Lyme, transmitida por carrapatos.
As mudanças climáticas afetam a produção agrícola, podendo levar à escassez de alimentos e ao aumento de preços, resultando em desnutrição, que já causa 3,1 milhões de mortes por ano, e maior vulnerabilidade a doenças. A segurança alimentar também é comprometida pelo aumento de toxinas e patógenos em alimentos.
Estresse térmico e outros impactos
Segundo Sandra Hacon, pesquisadora da Fiocruz, o estresse térmico é um dos impactos mais significativos da emergência climática na saúde. O aumento das temperaturas pode levar a condições como exaustão por calor e insolação, que são particularmente perigosas para idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas. Além disso, o estresse térmico pode agravar condições cardiovasculares e respiratórias, aumentando a mortalidade durante ondas de calor.
A pesquisadora também destaca que a emergência climática pode exacerbar desigualdades sociais e de saúde. Populações marginalizadas, que já enfrentam desafios de acesso a serviços de saúde, são as mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas. Isso inclui comunidades rurais, indígenas e habitantes de periferias urbanas, que muitas vezes têm menos recursos para se adaptar às mudanças ambientais.
Populações em Risco
Todas as populações serão afetadas, mas algumas são mais vulneráveis, como habitantes de pequenos estados insulares, regiões costeiras, megalópoles e áreas montanhosas e polares. Crianças em países pobres, idosos e pessoas com doenças pré-existentes são particularmente vulneráveis.
Mudanças Climáticas e as IRAS, existe correlação?
Marielly salienta que embora a relação entre mudanças climáticas e IRAS não seja direta, os impactos climáticos podem criar condições que aumentam o risco de infecções relacionadas à assistência à saúde. Isso inclui a superlotação de hospitais, a pressão sobre a infraestrutura de saúde, o aumento de doenças infecciosas e o desenvolvimento de resistência antimicrobiana.
Aumento de Microrganismos Perigosos
Durante um recente debate sobre o tema, especialistas destacaram que a elevação das temperaturas globais têm impulsionado o crescimento e a disseminação de microrganismos potencialmente letais, como o Candida auris. Esse fungo emergente é resistente a múltiplos antifúngicos e tem sido associado a surtos hospitalares, especialmente em ambientes de cuidados intensivos. As temperaturas mais altas favorecem sua proliferação, tornando-o um desafio crescente para os sistemas de saúde ao redor do mundo.
Além do C. auris, o aquecimento global está criando condições ideais para a proliferação de outros patógenos preocupantes, como bactérias resistentes a antibióticos e vírus emergentes.
“Temos uma tremenda proteção contra fungos ambientais por causa da nossa temperatura. No entanto, se o mundo está ficando mais quente e os fungos também começam a se adaptar a temperaturas mais altas. Alguns vão atingir o que chamo de barreira de temperatura”, disse Arturo Casadevall, microbiologista, imunologista e professor da Universidade Johns Hopkins, à Associated Press.
Portanto, é essencial que os sistemas de saúde se preparem para esses desafios, fortalecendo práticas de controle de infecções e investindo em infraestrutura resiliente para mitigar os riscos associados às mudanças climáticas.
A especialista reforça ainda que as mudanças climáticas representam um desafio significativo para a saúde global. É essencial que políticas públicas e ações individuais sejam tomadas para mitigar esses efeitos e proteger a população.
A conscientização e a educação sobre os riscos associados às mudanças climáticas são fundamentais para promover uma resposta eficaz e sustentável. A saúde do planeta e a saúde humana estão intrinsecamente ligadas, tornando o combate às mudanças climáticas uma questão de saúde pública. Mudanças Climáticas e Saúde
Atividade sobre o texto:
De acordo com o texto, qual é um dos impactos diretos do aumento das chuvas e enchentes relacionados às mudanças climáticas na saúde pública?
A. Diminuição dos níveis de ozônio e outros
poluentes do ar.
B. Estabilização do fornecimento de água doce.
C. Diminuição da variabilidade das chuvas.
D. Aumento da incidência de leptospirose e cólera.
E. Redução da disseminação de doenças transmitidas
por vetores.
Segundo o texto, qual das seguintes afirmações sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde é verdadeira?
A. A pandemia da COVID-19 não revelou as ligações íntimas e delicadas entre humanos, animais e nosso meio ambiente.
B. Ações transformadoras em setores como energia, transporte, natureza, sistemas alimentares e financiamento são desnecessárias para proteger a saúde das pessoas.
C. As escolhas sustentáveis que estão matando nosso planeta estão matando pessoas.
D. Entre 2030 e 2050, espera-se que a mudança climática cause um aumento de 250.000 mortes adicionais por ano devido a desnutrição, malária, diarreia e estresse por calor.
E. A mudança climática não influencia os determinantes sociais e ambientais da saúde.